Dos grandes bailes medievais até as tranquilas sextas à noite embaixo do cobertor, a história do vinho faz parte da humanidade.
Não há como determinar exatamente qual foi a sua origem, e os historiadores dizem que ele pode ter surgido em diferentes lugares, simultaneamente.
É inegável que a produção do vinho existe porque há consumo. O que veremos hoje, é que os motivos que levaram as pessoas consumirem muda de acordo com os padrões de cada civilização e época.
Rituais religiosos para alcançar um estado espiritual elevado, ou apenas pelo prazer de sentir seu sabor e efeitos. Por isso, motivos não faltam para que essa seja uma bebida comum a todos os tempos.
Uma breve linha do tempo da história do vinho
O vinho surgiu antes da escrita. Por isso mesmo, a documentação sobre sua origem é defasada.
Acredita-se que ele surgiu de forma natural, no Oriente Médio, na região do Golfo Pérsico – cerca de 8.000 anos antes de Cristo. Naquele tempo, as uvas eram transportadas em recipientes vazados, para fins de alimentação.
Durante o transporte, as frutas das caixas de baixo eram esmagadas, iniciando um processo espontâneo de fermentação alcoólica. Dessa forma, a origem do vinho é tida como algo natural, sem intencionalidade.
Os homens bebiam esse líquido e sentiam alegria e prazer. Então, começaram a realizar o processo de forma intencional.
Desde então, a bebida está presente na história da humanidade de forma consistente.
História do vinho na idades antiga e clássica
Segundo o Velho Testamento, foi Noé o primeiro a cultivar uma vinha. Contudo, os primeiros registros apontam a Geórgia como a primeira região a cultivar uvas especificamente para a produção do vinho.
Os indícios do cultivo das uvas Viti vinifera em 7000 a.C. servem como prova de que, já nessa época, as uvas eram cultivadas para uma produção elaborada da bebida.
Esse período coincide justamente com a evolução das civilizações europeias e orientais, que devido à agricultura, trocaram a vida nômade por uma sedentária.
Já em 3150 a.C., o vinho foi extremamente importante e abundante na região do delta do rio Nilo. Assim, tornou-se referência de status social.
No período de entre 750 a.C e 150 a.C, os gregos dominaram as técnicas de cultivo e produção. Assim, levaram os conhecimentos sobre vinificação para a Itália, França (Marselha) e Espanha.
Império Romano
Os romanos investiram intensamente na agricultura e aprenderam a identificar e relacionar as melhores regiões para o cultivo de diferentes espécies de vinhas. Além disso, eles substituíram as antigas ânforas por barris, facilitando o transporte.
Idade Média
Durante a Idade Média, o vinho foi incorporado como bebida sagrada pela igreja. Dessa forma, a viticultura manteve-se viva mesmo após a queda do império Romano. Nesse período, ele foi usado intensamente: tanto para questões cerimoniais, quanto para o prazer.
Na França e na Alemanha, foi a paixão do imperador Carlos Magno por vinhos que manteve as vinícolas funcionando mesmo durante os períodos mais sombrios da Idade Média.
Idade Moderna
Durante as grandes navegações, o vinho era a bebida de todos. Nessa época, a boa e má qualidade da produção representavam as diferentes classes sociais a bordo.
O consumo era alto, de modo estável e constante. Isso porque era consumido diariamente, como forma de hidratação. Isso porque a cerveja da época estragava muito rápido e a água não era boa para consumo.
Momento importante para a história da humanidade, na Idade Moderna, a tecnologia de produção de garrafas de vidro foi criada. Em 1.700, o vidro já era bastante resistente, permitindo o transporte, armazenamento e envelhecimento da bebida.
História do vinho na idade Contemporânea
Revolução Francesa (1700 – 1800)
Devido à Revolução, as garrafas francesas não eram mais exportadas para a Inglaterra. Assim, o Vinho do Porto ficou popular em todo o mundo.
Nessa época, a bebida se tornou popular nos Estados Unidos, levada pelo embaixador americano na França, Thomas Jefferson. Como presidente, ele foi um grande incentivador da vinicultura no país.
Outro momento histórico é o reconhecimento de Pérignon como o pai do champanhe, em 1821. Em 1855 foi criada a classificação de Bordeaux, usada até hoje.
Era Tecnológica (1900 – 2000)
No início do século XIX, a história do vinho acompanha a história da sociedade e passa por grandes dificuldades. Além da destruição das grandes guerras, os vinhedos na Europa foram atacados pela praga filoxera. Assim, metade do cultivo dizimado até o final do século.
Somente com o fim da Segunda Guerra, e da Lei Seca, a produção voltou de forma sólida, e a bebida voltou a fazer parte das vidas das pessoas novamente.
A inauguração de grandes institutos de enologia em Bordeaux e Montpellier, na França, Geisenheim na Alemanha, Davis nos Estados Unidos e Roseworthy na Austrália, fez a produção aumentar com apoio da ciência e da tecnologia.
Hoje, a alta tecnologia presente em diferentes etapas da produção ajuda no manejo da uva, a otimizar processos e controle de danos. Foi assim que a produção se expandiu para os países quentes e úmidos.
Nos dias de hoje
Hoje, os vinhos podem ser produzidos e importados para diversas regiões do globo, sem dificuldades.
A cultura tecnológica se une aos produtores tradicionais. Por isso, é possível encontrar cada vez mais diversidade de rótulos.
Ao mesmo tempo em que existem as grandes produções, podemos também encontrar produtores que preferem um cultivo intimista, orgânico e com o mínimo de intervenções possíveis, mantendo-se fiéis à essência de cada uva e região.
Diferentes origens, vinhos únicos
Cada cultura possui uma versão sobre a origem dessa bebida. Mas todas elas concordam que a história do vinho nos ajuda a conhecer mais sobre a nossa própria história.
Ao beber um vinho, estamos bebendo a expressão de um solo, de um cultivo específico, fato percebido já pelas civilizações antigas. Assim, cada variedade traz em si as características da terra, do microclima e de toda a natureza e ambiente ao redor.
Terroir é a palavra usada para se referir a essas características únicas e intransferíveis de cada região. Por isso, ele é tão importante que faz com que um mesmo tipo de uva varie de sabor e aroma, mesmo quando cultivada em lugares próximos.
Então, quando falamos que o vinho contém a história da humanidade, nos referimos aos mínimos detalhes. Ao modo como o homem se relaciona com a terra e cuida do seu entorno pode interferir no clima, no solo e, portanto, na bebida.
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